Tecnologia como auxiliar da saúde mental na Pandemia

O mundo vive um período diferente, cheio de medos e incertezas como há muito tempo não se via.  A pandemia de COVID19 se espalhou pelos continentes e a todo instante vemos pessoas se contaminando, morrendo; os hospitais estão lotados. As notícias na TV, nos jornais e no rádio mostram números surpreendentes de pessoas esperando por uma internação sem saber se conseguirão um atendimento, um tratamento. Faltam leitos nos hospitais; nas UTIs e enfermarias. As unidades de saúde não dão conta de atender mais ninguém e o vírus atinge indiscriminadamente a todos. O medo cresce e a população começa a desenvolver outros tipos de doenças: a depressão, a ansiedade e o estresse.

A melhor maneira de se proteger do coronavírus é ficando em casa, em quarentena, mas essa prevenção agrava o quadro de doenças mentais. O longo período que já dura a pandemia, a falta de contatos sociais, a distância de amigos e parentes, o trabalho solitário online, o medo de contágio quando é inevitável sair para atividades essenciais ou de trabalho e o isolamento, tornam ainda mais intensos os estados depressivos.

Uma pesquisa realizada pelo Instituto de Psicologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) realizada entre os meses de março e abril de 2020, mostrou que os casos de depressão praticamente dobraram, enquanto os de ansiedade e estresse aumentaram 80% desde que a quarentena começou.

M.Cecilia Queiroz Telles – psicóloga e psicanalista (CRP/06-2238) “Esta pandemia está   levando as pessoas a se isolarem socialmente, para prevenir o contágio. Muitas estão em home office, outras saem para trabalhar, mas evitam contatos, sempre que possível, com as pessoas a seu redor e estão constantemente em alerta, com o temor de se contaminarem e levarem o vírus para casa, contaminando os familiares. Reuniões com amigos, nem pensar. Isso tem feito com que muitas dessas pessoas começassem a apresentar sintomas de ansiedade e depressão, doenças únicas, mas que podem andar em conjunto. O coração e a respiração começam a bater mais forte, acelerado, surgem sentimentos de medo e apreensão. O coração bate mais forte a respiração acelera. Isso muitas vezes é um sentimento normal, mas quando isso se torna muito frequente é preciso ficar alerta pois se torna um quadro de ansiedade que necessita de medicação, psicoterapia, mudanças de estilo de vida.”

Em casa, durante o lockdown, o que tem ajudado as pessoas a se distrair ou a trabalhar é o uso da tecnologia. Além de fazer seus trabalhos, as pessoas também podem se atualizar profissionalmente, assistir filmes, conversar com amigos e, desta forma, evitar que o distanciamento social aumente a depressão, o estresse e a ansiedade ligados ao momento que todos estão vivendo. E qual a melhor maneira de usar a tecnologia para fortalecer a saúde mental?

A tecnologia já mostrou que pode ser uma grande aliada do controle emocional, encurtando distâncias entre os familiares e amigos. Seguem alguns exemplos de estratégias que podem apoiar esse processo:

1- ) Trabalhos de fortalecimento emocional têm sido feitos por profissionais da saúde (médicos, psicólogos, nutricionistas, educadores físicos e coaches) no formato online.

Esses trabalhos têm sido aplicados em profissionais dentro e fora do ambiente de trabalho, por meio de trilhas de conteúdo criadas com exclusividade por especialistas em desenvolvimento comportamental.

Homem de frente ao computador em uma sala tendo atendido atendimento médico online através de videochamada
Profissional da saúde atendendo online.

2-) Outra opção têm sido os aplicativos que promovem terapia guiada. Nesse caso, o principal objetivo é auxiliar no processo de autoconhecimento, controlar a ansiedade e o estresse, proporcionar exercícios de meditação, entre outros pontos essenciais ao equilíbrio emocional.

Mulher dentro de uma sala, sentada em cima de um tapete em frente ao computador fazendo meditação guiada online.
Mulher fazendo meditação guiada online.

3-) As redes sociais, os aplicativos de comunicação, como por exemplo o WhatsApp, têm se firmado como ferramentas fundamentais para garantir a sociabilidade das pessoas de todas as idades.

Idoso sentado no sofá usando máscara contra a covid e com o celular na mão acenando na videochamada
Foto: Idoso com máscara usando o celular.

O estado de São Paulo, por exemplo, adaptou um de seus aplicativos e criou o Cérebro Ativo, especificamente para a população idosa: ainda em fase de testes, a ferramenta combina técnicas de gamificação, inteligência artificial e internet das coisas (IoT) para promover o cuidado da saúde mental da população idosa.

4-) Outra iniciativa é a plataforma Vizinho do Bem, idealizada pela startup NokNox, e que busca criar uma rede colaborativa conectando pessoas dispostas a ajudar àqueles que precisam de ajuda, por exemplo, para ir ao mercado, farmácia ou para um passeio com o bichinho de estimação. E a Mais Vivida é uma plataforma que reúne voluntários dispostos a apoiar um grupo de pessoas da terceira idade; inclusive, e principalmente, ensinando como navegar no mundo da tecnologia.

Que esse momento sirva de reflexão em relação ao autocuidado e a importância da saúde mental que muitas vezes não recebe a mesma atenção que a física.

Imagens: Freepik

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