Pesso com mãos nos ouvidos e outra pessoa com mão no celular sentada na cadeira de roda

ABNT cria Comissão de Estudos sobre Acessibilidade Digital

A Comissão é formada por especialistas de todo o Brasil

Desde 2020 tenho a oportunidade de participar do grupo de trabalho denominado “Acessibilidade para a inclusão digital” da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) sob a coordenação de Cristiano De Almeida Curcio (Analista TI – ABNT) e Reinaldo Ferraz (Coordenador de Acessibilidade na Web do Ceweb.br). O grupo é formado por dezenas de especialistas em acessibilidade na web.

O objetivo do grupo é discutir a normatização, o estabelecimento de regras, as diretrizes e as características no campo de acessibilidade; para a concepção, o projeto, a comercialização, a manutenção e a utilização de dispositivos, conteúdos e sistemas baseados em Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC). A normatização dos recursos de acessibilidade na web é uma demanda que já vem ocorrendo há algum tempo, como afirma um dos coordenadores do grupo Reinaldo Ferraz, “isso acontece desde que essa preocupação e exigência se consolidaram como obrigatórias na Lei Brasileira de Inclusão”.

Os profissionais envolvidos têm trabalhado na criação de normas, como as orientações para a acessibilidade em dispositivos móveis e na discussão e estabelecimento de muitas outras, sempre visando orientar as relações entre os que ofertam serviços de acessibilidade digital e aqueles que os consomem. Por isso, o trabalho desse grupo pela ABNT é de extrema importância neste momento. Segundo Reinaldo Ferraz: “é um grande avanço na garantia de direitos das pessoas com deficiência”.

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ressalta que aproximadamente 46 milhões de pessoas declaram apresentar ao menos um tipo de deficiência, o que corresponde a 24% da população brasileira e, dessas, a deficiência visual foi a mais apontada, atingindo cerca de 19%. Por volta de 80% das pessoas com deficiência auditiva apresentam alguma dificuldade em ler e escrever. Esses números corroboram a importância da criação de normas técnicas em português, para que se possa exigir a adesão de todos no cumprimento do que será estabelecido,

Nos últimos dez anos, a web fez grandes avanços na produção de websites acessíveis, mas ainda cabe aos designers, desenvolvedores ou a qualquer outro profissional que insira conteúdo na web, otimizar e tornar acessíveis seus próprios websites. As normas, que estão sendo criadas pelo grupo, irão estabelecer um padrão de qualidade a ser seguido e as normas a serem observadas na criação de aplicações digitais. Para tanto, os especialistas do grupo trabalham no sentido de facilitar a conformidade com requisitos de acessibilidade já existentes. Normas brasileiras, em português, mas em concordância com as diretrizes internacionais.

As reuniões mensais do grupo “Acessibilidade para inclusão digital” começaram no início de 2020 e a data prevista para a publicação do primeiro material é ainda neste ano. Todos os envolvidos estão trabalhando na criação de uma regulamentação que transformará dificuldades em inclusão. Nas palavras de Reinaldo Ferraz o grupo “espera que essas normas ajudem a tornar o ambiente digital mais acessível. Que elas sejam contempladas para eliminar barreiras de acesso para pessoas com deficiência, no acesso a aplicações e serviços digitais”.

Fabíola Calixto

Imagem: Freepik

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