Tim Berners-Lee fala sobre a liberdade na internet e apoia Marco Civil da internet brasileira na WWW2013

Foto: Tim Berners Lee fala sobre liberdade na internet
Foto: Tim Berners Lee fala sobre liberdade na internet

 Tim Berners-Lee o “pai” da web  declarou na ultima quinta feira (16/05/2013),  apoio ao Marco Civil da internet brasileira. O cientista esteve no Rio de Janeiro, participando do evento WWW 2013, dedicado a discutir a internet, e concedeu entrevista coletiva ao lado do deputado Alessandro Molon (PT-RJ), relator do Marco Civil. Berners-Lee destacou a importância de defender princípios como a neutralidade da rede e a proteção da privacidade, como formas de garantir a liberdade na web.

Segundo o especialista, caso aprove a nova lei, o Brasil desempenhará papel de liderança, estabelecendo regras claras para o uso da internet. O físico, que liderou o time de cientistas que construiu a World Wide Web no início dos anos 1990, lembrou que a legislação sobre internet é muito fragmentada ao redor do mundo, mas que a iniciativa do Brasil pode representar um passo importante.

— O cerne da questão é que a neutralidade é importante e o Brasil está numa posição de liderança, partindo na direção certa, levando em consideração os direitos humanos — afirmou Berners-Lee, diretor da World Wide Web Consortium (W3C).

Para Molon, o apoio do cientista é fundamental para que o Congresso finalmente coloque o projeto de lei em pauta. Segundo o relator, o texto ainda enfrenta resistência dos provedores de internet, que se sentem prejudicados, principalmente pelos artigos que tratam da neutralidade da rede e da privacidade dos dados dos usuários, os pontos mais polêmicos. O armazenamento de dados de usuários, que já é feito atualmente por esses serviços, seria proibido, caso a lei entre em vigor. Em relação à neutralidade, as empresas alegam que não está claro como a lei regulamentará isso. O texto impede que um provedor dê mais largura de banda a determinado conteúdo, mediante pagamento de uma taxa extra, por exemplo.

— Certamente é uma força muito grande no projeto nacional. Ouvir de alguém como ele que o projeto do Brasil ocupa papel de liderança no mundo é um incentivo para avançar nessa direção — afirmou o parlamentar, acrescentando que o texto não deve sofrer mais alterações. — O projeto está pronto para ser votado em plenário, mas enfrenta resistência por setores que não se sentem contemplados no projeto. Parlamentares querem construir o maior consenso, mas em alguns momentos é necessário decidir por A ou B. Nesse momento, ou se decide pela neutralidade, privacidade e, portanto, pelo internauta e pelo cidadão, ou se decide pelos interesses dos provedores. Minha esperança é que a pressão social leve o congresso a votar.

Alessandro Molon prevê que o texto entre em votação ainda neste semestre.

A discussão sobre o Marco Civil volta à tona em um momento chave para o amadurecimento da internet no Brasil.O IBGE revelou que o acesso à web pelas camadas de menor renda da população cresceu significativamente. Para Tim Berners-Lee, um sinal bastante positivo. O estudo do IBGE, concluído em 2011, não considerou os dados dos acessos por dispositivos móveis, como tablets e smartphones, canal pelo qual Berners-Lee acredita que será feita a inclusão digital.

— Ainda não vi o estudo, portanto não posso comentar, mas é óbvio que é muitp positivo. Quando iniciamos a Web Foundation (em 1998) só 20% das pessoas dessas classes sociais tinham acesso à internet. É animador que mais pessoas tenham acesso. Isso vem crescendo nos países em desenvolvimento e, por causa dos custos, acredito que será feito por dispositivos móveis — avaliou Berners-Lee.

FUTURO DA COMPUTAÇÃO E DA REDE

Em tempos de gadgets feitos para vestir, o físico britânico Tim Berners-Lee, o “pai da web”, já pensa no passo seguinte da internet. O cientista disse que ainda não experimentou os óculos inteligentes, mas disse que a tecnologia pode ser a ponte para outro nível de relação com dispositivos.

Durante o WWW 2013, no Rio, Berners-Lee elogiou o trabalho do cientista brasileiro Miguel Nicolelis, que participou da abertura do seminário.

– Ainda não experimentei o Google Glass. Acredito que esses óculos sejam um passo para uma interface cerebral – afirmou.

Berners-Lee fez referência ao projeto de Nicolelis, que apresentou uma experiência que demonstrava uma conexão entre o cérebro de um macaco e comandos de computador.

O Google Glass tem causado controvérsia, já que exige a reinvenção de normas de etiqueta, uma vez que é possível tirar fotos, fazer vídeos e acessar a internet sem que ninguém ao redor saiba.

Fonte: Alessando Molon

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